Os BRICS e a COVID-19: Combate à pandemia e cooperação internacional, por Carlos Ungaretti

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Nesta breve análise de conjuntura, o objetivo consiste em compreender de que forma os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vem adotando políticas de combate à pandemia, bem como identificar as ações de cooperação internacional promovidas pelos membros do agrupamento. Os países do BRICS, conforme se mostrará, encontram-se entre os mais afetados pela COVID-19. Em termos de cooperação, a percepção é de que esta é limitada, embora não inexistente, dada a realização de programas de incentivo à pesquisa conjunta e a renovada atuação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

Os países do BRICS no combate à pandemia

Brasil se apresenta como um caso de insucesso de combate à pandemia, tendo os piores indicadores entre os membros do BRICS. O país não conseguiu adotar políticas consistentes de enfrentamento, especialmente em razão da ausência de coordenação do governo federal para articular as ações de instituições e de governos estaduais e municipais. É o que aponta o estudo realizado pela  Rede de Pesquisa Solidária[1], que contou com a participação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa afirma que a falta de uma política nacional de saúde pública contribuiu para que o Brasil não conseguisse controlar o alastramento do coronavírus[2].

Desde o primeiro caso, diversos equívocos se sucederam, como a insuficiência de kits de testagem e de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). O Brasil não replicou experiências de sucesso, que se basearam no rastreio e gerenciamento de casos. Outro fator que intensificou a disseminação da pandemia no país foi a falta de endosso do governo federal, que negligenciou e até mesmo negou a gravidade do problema.

A esse respeito, é interessante trazer à tona que o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, recentemente divulgou o lançamento de uma obra com bastidores de sua atuação à frente do Ministério. Segundo reportagens, o conteúdo do livro confirma a percepção de que haviam profundas incompreensões no poder Executivo, demonstrando que tomadores de decisão conduziram políticas públicas a partir de perspectivas negacionistas e com base em “teorias da conspiração”[3]. Portanto, não seria incorreto inferir que a incompreensão, desarticulação e inoperância do governo federal resultaram nos péssimos números brasileiros diante da pandemia. Até o momento de publicação desta análise, são mais de 151 mil mortes e mais de 5 milhões de infectados. Em termos per capita, o Brasil apresenta os piores números entre os países do BRICS, com 72,44 mortes a cada cem mil habitantes.

Do ponto de vista econômico, políticas fiscais expansionistas como as do Auxílio Emergencial contribuíram para amenizar as quedas no nível de renda, beneficiando 67,7 milhões de pessoas. A criação de linhas de crédito por parte de bancos públicos para o setor privado também reduziu os impactos da paralisação, preservando negócios e empregos. O governo também buscou aumentar as transferências aos estados e municípios. Sob a ótica monetária, houve redução da taxa Selic para patamares históricos (2% a.a) e se buscou ampliar a liquidez no sistema financeiro.

Convém ressaltar, contudo, a ocorrência de inúmeras falhas na implementação destas políticas. As linhas de crédito criadas para pequenas e médias empresas não foram capazes de atender as necessidades de uma ampla gama de negócios, conforme relatado por empresários de distintos segmentos, que tiveram dificuldades em ter acesso ao crédito do governo nos primeiros meses da pandemia[4]. Houve, também, lentidão para alocar os recursos orçados. Em julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou explicações do governo federal a respeito dos gastos para enfrentamento da pandemia. De acordo com o órgão, houve reduzida execução de recursos – o Ministério da Saúde, por exemplo, havia gasto menos de um terço do dinheiro disponível[5].

O Tesouro Nacional estima que, em 13 de outubro, os recursos gastos para combate à COVID-19 somaram R$ 448,2 bilhões, de um total previsto de R$ 587,4 bilhões[6]. Cerca de metade dos recursos destinados para o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda (R$ 51,55 bilhões), por exemplo, ainda não foi utilizado. Ou seja, embora o governo tenha adotado medidas necessárias do ponto de vista fiscal e monetário, a ausência de coordenação prejudicou a alocação eficiente dos recursos, produzindo dificuldades e atrasos para sua liberação e captação por parte de empresas, pessoas físicas e entes públicos.

A despeito dos efeitos positivos das medidas de transferência de renda, as previsões ainda apontam para uma retração do PIB de 5,8%[7]. Sinteticamente, a resposta brasileira do ponto de vista sanitário foi, no mínimo, descoordenada, provavelmente irresponsável, ao tempo em que a desarticulação a nível federal contribuiu para que a efetividade das medidas econômicas ficasse aquém do necessário. Há, por fim, um cenário repleto de incertezas, relativas sobretudo aos caminhos a serem tomados em termos de política econômica no ano que vem. A adoção de uma prematura política de ajuste fiscal pode prejudicar – e não ajudar – a recuperação econômica, conforme adverte o próprio FMI[8].

Rússia, em termos totais, possui mais de 22 mil mortes e mais de 1,3 milhão de infectados. Em termos per capita, o país – com 15,97 mortes a cada cem mil habitantes – ocupa uma posição intermediária no âmbito do BRICS, com indicadores menores que Brasil e África do Sul e maiores do que Índia e China. Assim como outros países europeus, a Rússia viveu os momentos mais delicados da pandemia entre março e maio, com o relaxamento das restrições a partir de então. As evidências de uma possível segunda onda no continente europeu igualmente se apresentam na Rússia, que provavelmente adotará novas medidas de contenção em outubro; sem, contudo, retomar um lockdown nacional.[9]

Nos últimos meses, a Rússia também vem se destacando no noticiário internacional por conta do desenvolvimento da vacina Sputnik V. Apesar do ceticismo de setores da comunidade científica internacional, a vacina apresentou bons resultados iniciais – publicados inclusive na revista The Lancet[10]. De acordo com a publicação, os participantes que receberam os testes iniciais produziram anticorpos e não apresentaram  efeitos colaterais. Atualmente, a Rússia está negociando entregas da vacina Sputnik V com cerca de 50 países, segundo o diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, em inglês)[11].

Em termos econômicos, há inúmeros desafios, como o aumento dos níveis de desigualdade social e a tendência de queda na cotação internacional do petróleo, principal produto de exportação do país. No segundo trimestre, a economia russa decresceu 8,5%, em razão dos efeitos do lockdown e da redução da produção de petróleo. O resultado, embora expressivo, foi melhor do que o esperado[12]. Uma razão para esse desempenho pode estar relacionado com o fato de que a economia russa é predominantemente composta por grandes conglomerados estatais do setor de energia – e com baixa participação das pequenas e médias e empresas na composição do PIB.

Índia, em termos absolutos, é um dos únicos países, ao lado do Brasil, que ultrapassou a marca das 100 mil mortes. Em termos per capita, o país apresenta uma taxa de mortalidade a cada cem mil habitantes de 8,18[13]. O índice é menor do que Brasil, Rússia e África do Sul, embora bastante superior ao verificado na China (0,34). O país do sul da Ásia decretou, ainda em março, um lockdown nacional que se caracterizou como um dos mais restritivos do mundo, o que gerou diversos impactos. De um lado, houve a contenção inicial do espalhamento do coronavírus. Por outro, os efeitos colaterais do isolamento significaram um recuo de mais de 23% do PIB durante o segundo trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado.

Há críticas às formas pelas quais o governo Modi adotou o isolamento e, posteriormente, o flexibilizou, à medida em que tais ações teriam ocorrido sem o devido planejamento e organização[14]. Apesar dos questionamentos, a Índia, ao contrário do caso brasileiro, buscou estabelecer estratégias de monitoramento e isolamento de novos casos, tendo também ampliado a sua capacidade de produção de testes, medicamentos, EPI’s e respiradores. Em meio à reabertura, a Índia registrou, em setembro, os maiores indicadores de novas infecções, com o pico em 17 de setembro, quando mais de 77 mil novos casos foram identificados.

Em relação às respostas econômicas, o governo anunciou, em maio, um pacote de US$ 277 bilhões, englobando medidas como: garantias de empréstimos para pequenas empresas, crédito para trabalhadores e agricultores, bem como incentivos fiscais para prestadores de serviços. O pacote, contudo, representa um impacto fiscal real no orçamento inferior a 1% do PIB, ao passo que favoreceu somente o lado da oferta, não oferecendo estímulos ao consumo[15]. Recentemente, houve o anúncio de medidas para incentivar o lado da demanda, embora em um montante modesto, de US$ 6,6 bilhões[16]. O Banco Central da Índia já estima que o recuo no PIB para este ano será da ordem de 9,5%[17].

China, a despeito de ter sido o epicentro da pandemia, adotou ágeis e consistentes medidas de contenção do coronavírus. As ações envolveram a adoção de rígidas medidas de isolamento social, conversão e mobilização da indústria para produção de kits de testagem e EPIs, eficientes políticas de rastreio e gerenciamento de casos por meio do uso de ferramentas digitais, acelerada construção de infraestruturas de emergência, entre outras. A mobilização do aparato produtivo possibilitou que o país elaborasse ações internacionais orientadas ao fornecimento de equipamentos médicos a diversas nações – o que ficou conhecido como “diplomacia de máscaras” – e fosse capaz de realizar testagem em larga escala de sua população. Essa capacidade se traduziu na estratégia de testar toda a população de Wuhan – aproximadamente 10 milhões de pessoas – em meio ao contexto de reabertura da cidade[18].

No geral, as nações do Leste Asiático apresentaram uma melhor performance no enfrentamento da pandemia em comparação aos Estados Unidos, países europeus e membros do BRICS. Diferentes estudos – como os do Kings College[19], Instituto Montaigne[20] e Johns Hopkins University[21] – apontam que a efetividade de países como a China e a Coreia do Sul decorre especialmente da coordenação estatal e do reforço das capacidades institucionais, que foram combinadas com o emprego de ferramentas digitais para controle, rastreio e monitoramento de novos casos.

Como resultado, Pequim conseguiu frear a disseminação do vírus, contendo-o a província de Hubei, ao mesmo tempo em que retomou  as atividades econômicas de forma mais rápida que outras nações. Dessa forma, a economia chinesa provavelmente será a única do mundo a registrar crescimento no ano de 2020, ante um recuo de 4,4% do PIB mundial[22].

Além da contenção da pandemia, o país asiático implementou uma série de medidas para apoiar o setor produtivo, liberando créditos e subsídios para impulsionar os investimentos em setores como logística e infraestrutura. Há estimativas que apontam que no segundo semestre de 2020 o gasto em infraestrutura será 15% maior em relação a 2019. A expectativa é de um crescimento de 6% no quarto trimestre, bem como uma normalização das políticas macroeconômicas no primeiro trimestre de 2021.

Em termos per capita, a situação da pandemia na África do Sul só não é mais grave que a do Brasil, possuindo uma taxa de mortalidade a cada cem mil habitantes de 29,60. A ascensão do número de mortes e de novas infecções ocorreu no segundo trimestre, enquanto a desaceleração do alastramento da pandemia teve início nos meses de agosto e setembro, com o número de infecções reduzindo de forma significativa. Durante o auge da pandemia, as novas infecções superaram os 10.000 casos diários. Em termos totais, a maior economia do continente africano registra mais de 18 mil mortes e quase 700 mil casos de coronavírus.

Sob o ponto de vista sanitário, o governo sul-africano inicialmente adotou medidas rígidas de isolamento. Em 23 de março, data em que foi declarado estado de emergência, o número de infectados estava em cerca de 400, enquanto as mortes não chegaram a poucas dezenas. Ao longo de seis semanas, o lockdown contribuiu para achatar a curva de contaminação, sendo relevante para construir capacidades no sistema de saúde. A saída do isolamento social, todavia, foi descoordenada, revelando também os devastadores impactos na economia sul-africana, que já apresentava indicadores de contração antes mesmo da pandemia.

Os efeitos decorrentes da paralisação levaram a África do Sul aos patamares econômicos anteriores a 2007, com acentuada redução dos níveis de renda. O governo de Ramaphosa não conseguiu implementar robustas políticas econômicas anticíclicas orientadas à redução dos danos causados às empresas e aos trabalhadores, proporcionando uma elevação dos níveis de desemprego, tanto no setor formal quanto informal. Paralelamente, o país vem sofrendo com o aumento da fome em diversas comunidades e com problemas no fornecimento de energia elétrica à população. A estimativa para 2020 é de uma redução de mais de 8% do PIB, com previsões que apontam para a recuperação dos níveis econômicos de 2019 somente em 2024 ou 2025[23].

Cooperação internacional e o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)

O BRIC, posteriormente, BRICS, com o acréscimo da África do Sul em 2011, vivenciou avanços e recuos em seu processo de institucionalização. Inicialmente, os efeitos da crise do subprime, com epicentro nos Estados Unidos, acentuou a convergência entre as economias emergentes no que diz respeito ao tema das reformas na arquitetura financeira internacional, especialmente nas chamadas instituições de Bretton Woods. Os entendimentos comuns acerca da necessidade de transformar e remodelar a ordem econômica internacional – bem como a percepção de que era imprescindível estabelecer mecanismos de prevenção às vulnerabilidades dos mercados financeiros internacionais – motivaram a criação, em 2014, do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR).

Após um período inicial de euforia, se notou, nos últimos anos, um arrefecimento da cooperação entre o BRICS, inclusive com recentes desagravos e tensões nas relações bilaterais entre membros do grupo. O cenário internacional, marcado pela ascensão de nacionalismos e pela concentração dos esforços das nações em amenizar os efeitos econômicos internos da pandemia, sem dúvida contribui para frear os impulsos de cooperação. De acordo com  a professora e pesquisadora Karin Vazquez, “a crise econômica interna volta os olhos para dentro e acaba faltando fôlego para os Brics[24]”.

A trajetória do NBD retrata um pouco dessa caminhada de avanços e recuos. Apesar de um entusiasmo inicial após a criação do NBD, o Banco não progrediu da maneira desejada, tanto em termos de projetos e capital alocado quanto em relação ao escopo e a abrangência geográfica de seus membros. Recentemente, porém, o NBD vem despertando mais atenção, tendo em vista sua atuação mais presente, incremento no volume de empréstimos e possibilidades de ingresso de novos membros. O Banco estabeleceu como meta o financiamento de US$ 10 bilhões em empréstimos para auxiliar no combate a COVID-19 e seus efeitos. Até o momento, já houve a liberação de recursos para Brasil, Índia, China e África do Sul. Nesse sentido, é possível argumentar que, apesar da referida tendência de enfraquecimento da concertação multilateral, o NBD vem sendo um elo importante da cooperação.

Em 2020, houve a troca da presidência do Banco, que passou a ser comandado pelo brasileiro Marcos Troyjo. A modificação na presidência do NBD veio acompanhada de uma renovada atuação da instituição, ao menos sob a ótica brasileira, que passará a contar com um Escritório de Representação Regional, em São Paulo. Ao Brasil, o Banco disponibilizou um empréstimo de US$ 1 bilhão para políticas de enfrentamento à pandemia, tendo sido utilizado para pagamento do Auxílio Emergencial a cerca de 5 milhões de pessoas. A África do Sul e a Índia também receberam US$ 1 bilhão em empréstimos emergenciais. A China, por fim, igualmente recebeu crédito emergencial do NBD, no valor RMB 7 bilhões (em torno de 460 milhões de dólares).

Além dos empréstimos para Brasil, Índia, China e África do Sul, em um total de US$ 4 bilhões, o NBD emitiu US$ 2 bilhões em títulos no mercado internacional, com o objetivo de financiar o desenvolvimento sustentável, incluindo assistência relacionada a COVID-19. Segundo a instituição, a ação é mais uma demonstração do comprometimento do NDB com o combate ao coronavírus nos países-membros, prosseguindo também com a política do Banco de ampliar a base de investidores institucionais (bancos centrais e instituições oficiais). Espera-se, para os próximos anos, que o NBD possa contribuir de forma mais concreta para o desenvolvimento de projetos em infraestrutura sustentável, proporcionando ganhos aos países-membros e contribuindo para a recuperação econômica.

A cooperação promovida no âmbito do BRICS também se estendeu para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas. Em julho, os ministérios de Ciência e Tecnologia dos países componentes do grupo lançaram uma chamada para apoiar projetos de pesquisa de cooperação internacional para enfrentamento da COVID-19, com ênfase nas áreas de novas tecnologias de diagnóstico, vacinas, medicamentos e sequenciamento genético do vírus[25].

Há de se ressaltar, na esfera bilateral, a atuação de entes subnacionais brasileiros na busca de soluções para prevenção e tratamento, como ocorreu no caso do consórcio de governadores do Nordeste em suas ações para aproximar a interlocução com fornecedores chineses de EPI’s e respiradores[26]. Além disso, há exemplos de governos estaduais empreendendo ações de diplomacia para assegurar o fornecimento de futuras vacinas. O governo de São Paulo, por exemplo, estabeleceu parceria entre o laboratório chinês responsável pelo desenvolvimento da vacina Coronavac (Sinovac) e o instituto Butantan[27]. O governo do Paraná empreendeu estratégias similares para garantir o fornecimento da já mencionada vacina russa (Sputnik V)[28].

A despeito das existentes ações de cooperação, o período da pandemia também conviveu com o tensionamento das relações entre países do agrupamento. As relações sino-indianas encontram-se em um estado de desconfiança, com elevação das tensões em disputas fronteiriças, conforme abordado em análises anteriores[29]. Já comentamos, também, dos desentendimentos diplomáticos entre os governos brasileiro e chinês[30], bem como suas possíveis implicações e desdobramentos. O NBD, por sua vez, já estabeleceu que pretende impulsionar os financiamentos para projetos em infraestrutura sustentável, como no setor de energias limpas e renováveis[31].   

No conjunto, as respostas dos países do BRICS à pandemia apresentaram disparidades, especialmente no caso chinês, que conseguiu conter a disseminação do coronavírus e retomar de forma rápida as atividades econômicas. Os países também apresentaram similaridades, principalmente referente às dificuldades em se adotar estratégias e diretrizes coordenadas nos momentos de restringir a circulação e, posteriormente, retomar as atividades. Em relação à cooperação entre os membros do BRICS, há indicativos tanto de uma renovada e proativa atuação do NBD quanto de um crescente tensionamento nas relações bilaterais entre países-membros, o que pode vir a dificultar a elaboração e execução de estratégias de cooperação multilateral. Resta, por fim, acompanhar a evolução das relações entre os países do bloco, de modo a identificar se prevalecerão, em um mundo pós-COVID-19, os incentivos ao fortalecimento ou ao enfraquecimento da cooperação.

Foto: Divulgação

Carlos Renato Ungaretti é Bacharel em Relações Internacionais (ESPM) e História (UFRGS). Especialista em Estratégia e Relações Internacionais Contemporâneas (PPGEEI-UFRGS) e mestrando no PPGEEI-UFRGS. Atualmente, dedica-se ao estudo de temas em Economia Política Internacional, com destaque para investimentos chineses na América do Sul.


Referências

AL JAZEERA. India passes grim milestone of 100,000 COVID-19 deaths. Al Jazeera, 03 out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2FA2ELH

COTTERILL, Joseph. South Africa’s economic woes: ‘It takes us back 13 years’. Financial Times, 13 set. 2020. Disponível em:  https://on.ft.com/3nTtEXV

INTERNATIONAL MONETARY FUND (IMF). Policy Responses to Covid-19. IMF, 2020. Disponível em: https://bit.ly/31aeRhD

JOHNS HOPKINS UNIVERSITY. Mortality Analysis. 2020. Disponível em: https://bit.ly/319pKR5

LYI, Macarena Vidal. Em meio à pandemia, a economia chinesa é a vencedora no jogo do tabuleiro econômico mundial. El País, 27 set. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3nTt50f

NEW DEVELOPMENT BANK (NDB). New Development Bank Covid-19 Response Programme. NDB, 2020. Disponível em: https://www.ndb.int/covid-19-response-programme/


Notas de Rodapé:

[1] A rede de pesquisa solidária foi formada para aperfeiçoar a qualidade das políticas públicas do governo federal, dos governos estaduais e municipais que procuram atuar em meio à crise da COVID-19. A pesquisa completa encontra-se disponível em: https://bit.ly/2IFZUxL

[2] A resposta do Brasil à pandemia em comparação a outros países. Nexo Jornal, ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3dumyUR 

[3]Mandetta expõe presidente difícil de moderar e um excesso de cálculo político nas decisões da pandemia. El País, out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/318V8iD 

[4] Em crise, pequenas empresas têm dificuldade de acessar linhas de crédito. G1, mai. 2020. Disponível em:  https://glo.bo/316FuUD 

[5] TCU dá 15 dias para governo explicar estratégia de gastos no combate ao coronavírus. G1, jul. 2020. Disponível em: https://glo.bo/2GSUYVH 

[6] Esse montante, convém pontuar, é de aproximadamente 8% do PIB, destoando do dado fornecido pelo FMI, que aponta estímulos fiscais da ordem de 12,5% do PIB. Disponível em: https://bit.ly/2H9nZvO

[7] FMI melhora previsão e prevê queda de 5,8% no PIB do Brasil em 2020. G1, out. 2020. Disponível em: https://glo.bo/3kfoMKF

[8] The death of austerity should not be mourned. Financial Times, 16 ou. 2020. Disponível em: https://on.ft.com/2H9GKQ8

[9] Russia Not Planning Second Coronavirus Lockdown, Officials Say, Moscow Times, set. 2020Disponível em:https://bit.ly/3k3hHfM 

[10] A publicação encontra-se disponível em: https://bit.ly/2Iysy3I

[11] Sputnik V: 50 países têm interesse na aquisição da vacina russa contra o coronavírus. Sputnik, set. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3k0wKa8

[12] How Will a Second Wave Affect Russia’s Economy?. Moscow Time, set. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2H0Ggfe

[13] Assim como no Brasil, a subnotificação aparece como uma questão ser investigada no caso indiano. A identificação das mortes relacionadas com o coronavírus nas zonas rurais do país constitui uma dificuldade para as autoridades de saúde. Estima-se que o número de infectados seja quase 10 vezes maior que o atual.  

[14] India sees 100,000 COVID-19 deaths: What happened and what now?. Al Jazeera, out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2Iythls

[15] $277 Billion Package May Not Give Immediate Boost to India. Bloomberg, mai. 2020. Disponível em: https://bloom.bg/2Tai3FX

[16]India Unveils $6.6 Billion Plan to Boost Consumer Demand. Bloomberg, out. 2020. Disponível em: https://bloom.bg/3dCbk0Q  

[17] India’s central bank predicts economy to shrink 9.5%. Nikkei Asia, out. 2020. Disponível em: https://s.nikkei.com/2Fuyqts

[18] Após quase 10 milhões de testes em Wuhan, China detecta apenas 300 casos assintomáticos. O Globo, jun. 2020. Disponível em: https://glo.bo/2SU6oL6

[19] Preventing the next pandemic: Lessons from East Asia. King’s College London, abr. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2STBuTc 

[20] Fighting Covid-19: East Asian Responses to the Pandemic. Instituto Montaigne, abr. 2020. Disponível em: https://bit.ly/31alh0x 

[21] East Asia offers mixed lessons in Covid-19 response. Johns Hopkins University, mai. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3iZAjfC

[22] FMI revisa estimativas do PIB em 2020 e vê tombo global menor; economia brasileira deve ‘encolher’ 5,8%. G1, out. 2020. Disponível: https://glo.bo/3k89jvS

[23] South Africa’s GDP could plunge 8 percent this year because of pandemic. UNDP, out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2SZlj6G

[24] Países do Brics estão entre os mais afetados pela Covid-19, mas cooperação é fraca. Uol, 14 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/342yx9b   

[25]Chamada conjunta dos BRICS vai apoiar pesquisas para enfrentar a Covid-19. CNPQ, jul, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3lNhiyI

[26] Governadores do NE consultam China e pedem material para tratar covid-19. Uol, jul. 2020. Disponível em: https://bit.ly/376Q3eo

[27] No dia 30 de setembro, houve a assinatura do acordo no qual o laboratório chinês se compromete a entregar 46 milhões de doses da vacina para o governo de São Paulo. Ver reportagem: https://bit.ly/33YIy7c

[28] Governo do Paraná assina acordo com a Rússia para testar vacina Sputnik, Estado de Minas, 12 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/2H5gMx5

[29] As tensões entre China e Índia: disputas territoriais e rivalidade histórica, por Gabriela F. Chagas, NEBRICS, 06 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3nValgU

[30] A diplomacia “Lobo Guerreiro” chinesa e a política externa brasileira em meio a rivalidade sino-estadunidense, por Matheus Bianco, NEBRICS, 25 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3dCCaG8

[31] Banco do Brics elege a sustentabilidade como foco dos investimentos no pós-pandemia. Estadão, 24 jul. 2020. Disponível em: https://bit.ly/31am55f

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